"E se...?" esse simples questionamento às vezes é importante, mas às vezes tira o sono de qualquer um. Ele pode ser sinal de ansiedade, que é um assunto muito recorrente nos atendimentos em consultório. Contudo, é preciso diferenciar estar ansioso de ser ansioso, e ainda, quando a ansiedade é prejudicial!
Todos nós podemos passar por situações que nos deixam ansiosos. Por exemplo, quando vivenciamos algo novos podemos manifestar ansiedade com relação ao evento que está por vir. Nesse caso, quando a pessoa diz “estou ansioso”, na maioria das vezes, indica o momento em que algum acontecimento pode despertar uma preocupação maior que o habitual, como fazer uma prova, apresentar um trabalho, viajar de avião pela primeira vez, preparar uma festa. Enfim, são vários exemplos que demonstram gatilhos de ansiedade.
Diante dessas eventuais situações é perfeitamente natural que a pessoa possa demonstrar ansiedade. A fala acelerada, muitos questionamentos, agitação e, por vezes, dificuldade para pegar no sono são algumas reações que podem evidenciar esse estado. Entretanto, quando a pessoa fala que ela é ansiosa isso corresponde a uma característica do seu jeito de ser, a forma como ela normalmente funciona para responder às situações do seu dia a dia.
Na cabeça do ansioso tudo tem que acontecer rápido, a frase é “tem que ser pra ontem”, “não posso deixar nada para depois”, “tenho que fazer tudo imediatamente”, “preciso dar conta de tudo”. Essas afirmações só aceleram ainda mais sua forma de pensar e mantém a pessoa nesse estado de alerta constante. Ela não desliga!
O ansioso quer ter o controle de tudo à sua volta e, para isso, ele tenta imaginar o que pode acontecer e mentalmente dar resposta para tudo como se ele pudesse prever os acontecimentos e não ser pego de surpresa nas situações, o famoso “e se…”.
Ele vive com a cabeça no futuro, sofre por antecipação, tem um gasto de energia física e psíquica muito grande buscando prever as situações que muitas vezes nem acontecem. E, ainda nessa tentativa de apressar as respostas, acaba na maioria das vezes sempre pensando nas possibilidades negativas que poderiam acontecer.
Tal agitação mental provoca reações em seu organismo: palpitações, respiração ofegante, agitação, dor no peito, falta de ar, insônias, sensação de desmaio, aceleração cardíaca e muitas outras, são reações que aparecem como resposta a essa forma de pensar do ansioso. É claro que elas variam de pessoa para pessoa em função da situação a que estão expostas e estão relacionadas com a história de vida de cada uma delas.
A ansiedade pode ser decorrente de um momento específico que aconteceu na vida da pessoa como um acidente, uma perda de trabalho, um luto e ainda, um comportamento aprendido na família. Na Psicogenealogia, a ansiedade pode ser compreendida como uma forma de evidenciar situações traumáticas, tais como assassinatos, abusos, acidentes e segredos de família, vividos pelos familiares e antepassados, que não foram resolvidos.
Quando a ansiedade interfere na rotina da pessoa, quando ela não consegue mais responder às suas atividades de forma adequada, ela se torna prejudicial. Nesse caso, vale uma investigação com um profissional capacitado, psicólogo ou psiquiatra, para ajudar a pessoa a enfrentar essa situação.
Por Monica da Silva Justino Membro da Association Internationale de Psychogénéalogie – AIP, França.