Por que resolvi escrever um livro sobre a Psicogenealogia? Como nasceu essa ideia?
Para responder a alguns questionamentos feitos durante o lançamento do livro – Psicogenealogia – um novo olhar na transmissão da memória familiar, resolvi redigir este texto e contar um pouquinho sobre o porquê fazer um livro e porque escrever sobre este assunto, vou então, contar um pouco como essa aventura começou.
Depois de finalizar o doutorado em criatividade em 2006, eu estava à procura de algo diferente, com outro foco, uma nova leitura, foi quando em novembro desse mesmo ano, retornando à França, tive contato com a psicogenealogia e decidi iniciar um curso de formação nessa abordagem.
Mergulhei num universo totalmente novo para o meu conhecimento até aquela data e surpreendente a cada leitura. Na tentativa de compreender como a elaboração de uma árvore genealógica, o genossociograma, poderia ajudar em um processo terapêutico eu li muito e experimentei com a minha própria história. Foram muitas descobertas pessoais, conceitos, autores e vivências.
A riqueza de informações e a quantidade de referências deixavam-me entusiasmada para contar sobre essa novidade no Brasil, divulgar o que eu estava aprendendo e que percebia que poderia beneficiar várias pessoas. Eu ficava sempre com as perguntas – Por que não temos nada no Brasil sobre Psicogenealogia? Como pode ter tantos livros interessantes e não termos nada disso por lá? Quanto tempo vai levar para este conhecimento atravessar o Atlântico? Esses foram alguns dos questionamentos que fiz e que além de experimentar a prática, sensibilizaram-me para divulgar esse assunto no Brasil.
Antes de voltar, eu já pensava em escrever sobre o assunto, mas logo vinha a mente “quem vai comprar um livro de um assunto que ninguém nunca ouviu falar e ainda, de autor desconhecido? Não dá, né?” Mesmo assim, procurei contato com um escritor para traduzir um livro. Consegui contatos, realizei o primeiro Workshop da Psicogenealogia no Brasil em fevereiro de 2008, com a escritora Marie-Noëlle Maston, fiz algumas tentativas para traduzir o livro dela, mas esbarrava em burocracias, direitos autorais, etc. Descobri que existiam dois livros traduzidos, mas que as editoras não tinham interesse em comercializar, por fim, achei melhor pensar em eu mesma escrever um.
Essa ideia se fortaleceu em 2009, quando iniciei um grupo de estudo sobre a psicogenealogia. Para repassar o que eu lia e aprendia a respeito dessa “nova” abordagem, que estuda a memória familiar com as repetições, os segredos de família, as datas, os nomes, etc., usando a árvore genealógica, eu precisava traduzir, encontrar os termos em português e fazer com que a ideia dos autores fosse compreendida e assim, aos poucos, sem perceber eu estava iniciando um livro. Era um trabalho de persistência, em muitos momentos me sentia “falando sozinha”, já que ninguém conhecia o assunto.
O meu entusiasmo em relatar tudo que eu lia e os assuntos que se discutiam no grupo, fazia crescer o interesse das pessoas em conhecer mais sobre a psicogenealogia e vinham sempre as sugestões para eu escrever! Foi quando resolvi obter informações de como publicar um livro. Eis que isso foi uma outra grande aventura, pois senti na pele as dificuldades que envolviam este processo.
Fiz vários contatos, tive apoio de muitos amigos, mas recebia orçamentos para publicação que eram assustadores e deixavam-me totalmente desmotivada. Contudo, ainda permanecia a ideia de publicar sobre a psicogenealogia, já que não se achava referências em português. Eu precisava encontrar um meio de divulgar esse tema e encontrar uma editora que também tivesse interesse e facilitasse a execução desse projeto, foram muitos contatos e orçamentos até o ano de 2016 quando consegui finalmente efetivar esse projeto.
Toda essa dificuldade foi suficiente para eu entender o tempo que leva para determinados conhecimentos atravessarem o oceano, mas também fortaleceu a vontade de escrever sobre a psicogenealogia. Agora, que conheço o processo, outras publicações virão!
Por Monica da Silva Justino Membro da Association Internationale de Psychogénéalogie – AIP, França.
O que seria “doutorado em criatividade” ??
Doutorado em que o assunto principal foi sobre criatividade – estudo do processo criativo.